Os vinhos brancos do Rhône

Cotês du Rhône ou, simplesmente, Rhône é uma região vinícola francesa festejada pelos seus tintos, a exemplo dos Châteauneuf-du-Pape, para citar apenas um tinto famoso; entretanto lá são produzidos brancos de extrema qualidade e complexidade, e que merecem ser conhecidos. A região do Vale do Rhône, no sudeste da França, é uma das mais prestigiadas e antigas áreas vinícolas do mundo. A viticultura no Rhône remonta a mais de 2.000 anos, quando os romanos perceberam o potencial das encostas às margens do rio Ródano. Durante a Idade Média, os papas em Avignon ajudaram a consolidar a reputação dos vinhos locais, e, ao longo dos séculos, a região se tornou uma das mais respeitadas da França.
Hoje, o Rhône abriga algumas das denominações de origem mais icônicas, produzindo vinhos que competem com os melhores do mundo. O Rhône é dividido em duas grandes partes: Rhône Norte e Rhône Sul, cada uma com terroirs distintos e variedades de uvas específicas. O Rhône Norte é caracterizado por colinas íngremes e um clima continental, com verões quentes e invernos frios. Aqui, os vinhos brancos são geralmente feitos com Viognier, Marsanne e Roussanne, resultando em rótulos ricos e complexos. Condrieu é a estrela do Rhône Norte para vinhos brancos. Produz exclusivamente vinhos brancos 100% Viognier, famosos por sua textura sedosa, aromas de damasco, pêssego, flor de laranjeira e mel. Château-Grillet é uma pequena denominação dentro de Condrieu, produzindo um dos vinhos brancos mais exclusivos do mundo, também feito de Viognier. Saint-Joseph, Hermitage e Crozes-Hermitage, são AOCs, cujos vinhos brancos são feitos de Marsanne e Roussanne, oferecendo perfis ricos, com notas de mel, amêndoas, frutas maduras e flores brancas.
Com um clima mais quente e terras mais planas, o Rhône Sul tem uma abordagem diferente para os vinhos brancos. Aqui, há uma mistura de variedades como Grenache Blanc, Clairette, Bourboulenc, Roussanne, Marsanne e Viognier, resultando em vinhos com maior frescor e complexidade. Do sul vem o Châteauneuf-du-Pape Blanc, um dos mais prestigiados brancos do Rhône Sul, feito com um blend de várias uvas, oferecendo aromas de frutas tropicais, flores e especiarias, com um corpo estruturado. Os brancos chamados de Côtes du Rhône Blanc, são produzidos em diversas áreas do sul do Rhône, são vinhos acessíveis e versáteis, com notas de frutas cítricas, pêssego e ervas do Mediterrâneo. Embora Tavel seja mais famoso pelos rosés, Lirac produz brancos elegantes, muitas vezes com predominância de Grenache Blanc e Clairette, trazendo frescor e mineralidade. Assim podemos fixar que, como afirmado acima, embora seja mais famoso por seus tintos, a região também produz vinhos brancos excepcionais, que variam de frescos e minerais a ricos e opulentos.
Os vinhos brancos do Rhône podem ser divididos em dois estilos principais: (1) opulentos e aromáticos, como Condrieu (Viognier), com textura cremosa, notas florais e frutas maduras; e (2) estruturados e minerais, como Hermitage Blanc e Châteauneuf-du-Pape Blanc, combinando riqueza, acidez e complexidade. São, no geral, vinhos que harmonizam muito bem com pratos de frutos do mar, queijos, massas com molhos mais ácidos e os minerais, até com saladas. Caças não muito gordas e preparadas de forma mais rústica encontram nos vinhos brancos do sul do Rhône o grande companheiro.
Há muitos vinhos brancos do Rhône disponíveis no mercado nacional e vou, assim, citar os cinco que mais gosto, não necessariamente na ordem de preferência. JL Chave Hermitage Blanche Sélection é um grande vinho, complexo, exuberante corte de 85% Marsanne e 15% Roussanne, combina notas de mel e toques cítricos, sendo capaz de evoluir por décadas; o Domaine de Panéry Terres de Panéry Collection é fresco na boca e com uma mineralidade atraente; Expression Blanc – Château Beaubois – é um corte muito interessante, 40% Roussanne, 40% Grenache Blanc, 10% Viognier, 10% Vermentino, sendo fresco, ligeiro, excelente para o dia a dia; o Châteauneuf Du Pape – La Milliere – como bem esclarece o importador, vem de uma subregião onde apenas 4% da produção é de vinhos brancos, sendo este um grande exemplo da potência e densidade, que o faz um grande vinho, de guarda e de complexidade especial; por fim o Côtes du Rhône Blanc Xavier Vignon é suave e generoso, com final de boca salino longo com boa acidez, nariz com querosene, frutas frescas e uma menta por demais gostosa, muito gastronômico. Os vinhos brancos do Rhône são uma verdadeira joia da viticultura francesa, oferecendo uma diversidade incrível de estilos e harmonizações. Seja um Viognier exuberante ou um Marsanne/Roussanne encorpado, há sempre uma opção perfeita para cada ocasião. Salut!!
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