Milho supera R$ 95 por saca e pode subir mais

A consultoria Safras&Mercado revela que o milho atingiu preços entre R$ 95 e R$ 95,50 CIF/indústria. Já o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) apontou preços próximos de R$ 90 por saca em Campinas, o maior patamar desde abril de 2022. Só no acumulado de 2025, o cereal ja acumulou alta de 23%.
A empresa afirma que entre os motivos para a elevação estão uma oferta menor do cereal e estoques apertados no Brasil. Confira a entrevista com o consultor da Safras&Mercado, Paulo Molinari.
A tendência para o milho é ultrapassar o preço de R$ 100? Confira:
Por que o milho está subindo tanto, se aproximou já de R$ 90? E ele vai subir mais?
Bem, por que está subindo tanto? Porque nós temos um abastecimento ajustado, tivemos uma safa de verão com forte redução diária, por sorte, com boas produtividades. Porém, o volume de milho para atender todo o primeiro semestre não é suficiente, mesmo com o estoque de passagem aí perto de 8 milhões de toneladas. Então, até a entrada da safrinha em junho julho, nós teremos uma situação de preços regionais altos, abastecimento apertado e situações aí quase inéditas, como em Mato Grosso, com um preço de R$ 70, R$ 80, quase o mesmo preço do Paraná. Então, isso reflete que não é uma situação de retenção, não é uma situação de especulação do produtor, é que realmente o quadro é ajustado. A maioria dos consumidores está com estoque de apenas de curto prazo e isso alimenta um movimento de alta no semestre. Então até nós chegarmos a safrinha, e essa safrinha desse ano é mais para julho do que para junho, nós teremos aí um preço bastante firme do milho.
O preço do milho vai ultrapassar R$ 100 no primeiro semestre de 2025?
Olha, é difícil ainda você falar porque R$ 100 hoje equivaleria a um preço da soja de R$ 200 acima. Então, é quase tão bom quanto uma soja de R$ 200. Para nós chegarmos a um mercado acima de R$ 100 precisamos ter mais situações graves na safrinha. A safrinha, desde o Paraguai até o norte de Minas, tá sofrendo com esse calor bem intenso e pouca chuva, ou seja, precisamos de chuva na safrinha, precisamos ver uma situação mais confortável para safrinhas e se nós continuarmos a entrar em abril ainda sem chuvas. É possível, sim, que o mercado tenha uma aceleração maior, já ir entrando com um certo pânico em relação ao tamanho da produção na segunda safra. Por sorte, o Mato Grosso está indo bem, mas o Mato Grosso não é o Brasil, então nós precisamos aí do restante da safrinha brasileira também indo bem para um bom abastecimento.
Diferentes meteorologistas apontaram que a presença da neutralidade climática pode favorecer a entrada de frentes frias com mais chance de geada e até um corte mais antecipado da chuva em áreas produtoras do milho segunda safra. Isso é parecido com o que você enxerga para o clima?
A neutralidade pode trazer de tudo. Se fosse uma situação La Niña, nós estaríamos já mais preparados para uma intensidade de frio mais acelerado. Com o clima neutro, nós vamos ter que acompanhar semana a semana as previsões, mas pelo que nós temos visto aí nos mapas de projeção para o nosso outono inverno as geadas vão chegar mais para julho do que para junho. Agora, esta safrinha tem uma preocupação mais intensa porque nós retornamos o plantio àquele período tradicional, ou seja, um plantio mais concentrado em fevereiro. Isso quer dizer que a polinização e o pendoamento do milho vai estar ocorrendo na maior parte das lavouras agora em abril. Então, abril tem que chover bem, tem que ter boas condições no Centro-Oeste que já é uma situação sazonal de corte de chuvas. Então é uma safrinha com muitas emoções, sim, até o mês de julho.
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