EUA encerram isenção do Iraque para compra de eletricidade iraniana, em meio a 'estratégia de pressão máxima'
Objetivo da medida do governo Trump é não proporcionar "nenhum alívio econômico ou financeiro" ao Irã. Donald Trump
REUTERS/Evelyn Hockstein
O governo Trump encerrou neste sábado (8) uma isenção de sanção que permitia ao Iraque comprara eletricidade fornecida pelo Irã. Essa decisão faz parte da estratégia de "pressão máxima" do presidente Donald Trump contra Teerã, segundo um porta-voz do Departamento de Estado.
Ao deixar a isenção expirar, os EUA garantem que "não permitiremos ao Irã nenhum grau de alívio econômico ou financeiro", disse o porta-voz. Ele explicou que essa campanha tem o objetivo de "acabar com sua ameaça nuclear, restringir seu programa de mísseis balísticos e impedi-lo de apoiar grupos terroristas".
Quando voltou ao cargo em janeiro, Trump retomou essa política de "pressão máxima" contra o Irã. Em seu primeiro mandato, ele já havia retirado os EUA do acordo nuclear internacional, que buscava impedir Teerã de desenvolver armas nucleares.
Os EUA afirmam que querem isolar o Irã da economia global e cortar sua principal fonte de renda – as exportações de petróleo – para frear seu suposto desenvolvimento de armas nucleares. O Irã, no entanto, nega essas acusações e diz que seu programa tem fins pacíficos.
Washington impôs várias sanções ao Irã devido ao seu programa nuclear e ao apoio a grupos militantes, impedindo outros países de fazer negócios com Teerã sem correr o risco de sofrer penalidades dos EUA.
"O presidente Trump deixou claro que o regime iraniano deve cessar suas ambições por uma arma nuclear ou enfrentar a Pressão Máxima", afirmou James Hewitt, porta-voz da Segurança Nacional. "Esperamos que o regime coloque os interesses de seu povo e da região à frente de suas políticas desestabilizadoras."
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Pressão sobre o Iraque
Quando reimpôs sanções às exportações de energia do Irã em 2018, Trump concedeu isenções temporárias para alguns países, como o Iraque, permitindo que continuassem comprando eletricidade iraniana. Isso visava garantir o abastecimento de energia para os consumidores.
Tanto o governo Trump quanto o de Joe Biden renovaram a isenção do Iraque diversas vezes, enquanto incentivavam Bagdá a reduzir sua dependência da eletricidade iraniana. No sábado, o porta-voz do Departamento de Estado reforçou esse pedido:
"Instamos o governo iraquiano a eliminar sua dependência de fontes de energia iranianas o mais rápido possível", disse ele. "O Irã é um fornecedor de energia não confiável."
Além disso, os EUA usaram a revisão da isenção como forma de pressionar Bagdá a permitir a exportação de petróleo do Curdistão iraquiano via Turquia. Segundo fontes da Reuters, isso ajudaria a aumentar a oferta no mercado global, manter os preços sob controle e dar mais espaço para os EUA sufocarem as exportações de petróleo iraniano.
No entanto, as negociações entre o governo iraquiano e a região curda semiautônoma sobre a retomada das exportações de petróleo seguem complicadas.
"A transição energética do Iraque oferece oportunidades para empresas dos EUA, que são líderes mundiais em aumentar a produtividade de usinas, melhorar redes elétricas e desenvolver interconexões elétricas com parceiros confiáveis", afirmou o porta-voz do Departamento de Estado.
Ele também minimizou o impacto das importações de eletricidade do Irã na rede iraquiana: "Em 2023, as importações de eletricidade do Irã representaram apenas 4% do consumo de eletricidade no Iraque."
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