Fila de cirurgias cresce, e hospitais de Campinas têm 8,6 mil pacientes à espera de procedimentos
Alta foi de 27,4% em um ano, saltando de 6.815 pessoas aguardando cirurgias em dezembro de 2023 para 8.682 em dezembro de 2024. N° de pacientes à espera para realizar cirurgias na Rede Mário Gatti cresce 27,4% em 1 ano
O número de pacientes que aguardam por uma cirurgia nos hospitais municipais de Campinas (SP) cresceu 27,4% em um ano, saltando de 6.815 em dezembro de 2023 para 8.682 em dezembro de 2024.
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De acordo com a Rede Mário Gatti, o aumento da fila se deve ao crescimento da demanda pelo SUS e à alta quantidade de cirurgias de urgência, especialmente em ortopedia, provocadas por acidentes de trânsito.
“É uma fila imensa que foi agravada pelo tempo da pandemia, onde nós praticamente paramos de fazer cirurgias eletivas e um resquício de antes da pandemia que ainda existe”, explica Sérgio Bisogni, presidente da Rede Mário Gatti.
Nos hospitais municipais, os procedimentos mais procurados incluem cirurgias ortopédicas, remoção de vesícula e catarata. No Hospital Ouro Verde, os procedimentos eletivos mais aguardados são:
Colecistectomia (retirada da vesícula): 395 pacientes
Cirurgia de catarata: 254 pacientes
Ressecção endoscópica de próstata: 230 pacientes
Já no Hospital Mário Gatti, as maiores filas estão para:
Artroplastia total de joelho: 1.081 pacientes
Artroplastia total de quadril: 483 pacientes
Reparo de manguito rotador: 260 pacientes
O número de cirurgias realizadas na Rede Mário Gatti cresceu 4,5% em 2024, totalizando 15.614 procedimentos. Entre as cirurgias eletivas, a alta foi de 21,3%.
Hospital Municipal Dr. Mário Gatti, em Campinas (SP)
Carlos Bassan/PMC
O que está sendo feito para reduzir a fila?
Em entrevista à EPTV, afiliada à TV Globo, o presidente da Rede Mário Gatti explicou que medidas estão sendo tomadas para reduzir o tempo de espera. Entre as ações de curto prazo, estão:
Realizar cirurgias de alta complexidade no Hospital Ouro Verde;
Contratação de anestesistas para o Hospital Mário Gatti;
Contratação de enfermeiros e técnicos de enfermagem;
Revisão clínica dos pacientes mais antigos na fila.
Para o médio e longo prazo, a principal estratégia será a reforma do 4º andar do Hospital Mário Gatti para criar uma nova ala de internação, com 34 leitos adicionais, incluindo nove de UTI. O projeto está em fase de elaboração.
"Nós estamos correndo para fazer a contratação de enfermeiros e técnicos de enfermagem, mas isso vai ocorrer mês que vem, já está aí, e nós vamos possibilitar liberar em torno de 21 leitos aqui no Mário Gatti. Existe o quarto andar do Mario Gatti, que é onde existia a pediatria e foi transferida totalmente para o Mário Gattinho", afirma Bisogni.
Ainda de acordo com o presidente da rede, a construção de um novo hospital que atenda a Região Metropolitana é outra possibilidade para “desafogar” o sistema de saúde. “Isso está sendo discutido, depende do governo do estado, mas iria resolver um problema médio e longo prazo, sem dúvida nenhuma”.
Famílias apreensivas
O sobrenome da família que mora na região dos DICs é Fortes, e para o aposentado Martinho Fortes, de 71 anos, é preciso mesmo muita força para enfrentar as dores, consequência de um tumor diagnosticado em 2023.
"Tem hora que eu choro de dor, à esquerda, à direita, dói, não consigo dormir, lateja demais. Tomo comprimido e não passa ador, remédio eu perdi até a conta. é difícil mesmo, viu. vai ter que ter uma solução, gente, porque não é possível", lamenta.
A filha, Juliana Araújo Fortes, tomou a frente na saga por uma cirurgia no Hospital Mário Gatti. Depois de quimio e radioterapia, a cirurgia deveria ter sido realizada no ano passado, mas até hoje não aconteceu.
“Ele está liberado para fazer a cirurgia desde setembro, então tivemos que passar pelo anestesista, cardiologista, esperamos eles liberarem, e aí foi marcado para o dia 12 de dezembro, quando foi dia 10 de dezembro, eles ligaram cancelando, não deram nenhum motivo, só disseram que retornaria”, conta.
Juliana conversou, inclusive, com a Ouvidoria, e nem assim resolveu o problema. “O médico falou que se demorar mais um pouco, pode ser que ele abra meu pai e não tenha o que fazer mais”, diz a filha.
À EPTV, a prefeitura disse que a cirurgia de Martinho teve que ser adiada por causa do excesso de ocupação de pacientes no Hospital Mário Gatti. O morador vai precisar fazer uma ressonância, que foi marcada para o dia 11 de fevereiro.
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